Por que estamos cada vez mais gordos?

Tem sentido que o seu peso defina a forma como os outros o tratam? Sente que, por mais que tente, perder peso parece uma batalha impossível? Ou que, mesmo procurando ajuda, acaba por se sentir julgado ou incompreendido?

Obesidade: condição multifatorial/multidimensional

A obesidade é uma condição complexa e multifatorial, que vai muito para além de uma simples questão de “comer menos e gastar mais”. Segundo a OCDE, Portugal ocupa o terceiro lugar na Europa com maior prevalência de excesso de peso e obesidade, afetando 67,6% da população. Mas, apesar destes números alarmantes, o estigma associado à obesidade permanece enraizado na nossa sociedade.

O estigma perpetua o problema

Pessoas com obesidade são frequentemente vistas como “preguiçosas”, “indisciplinadas” ou “sem força de vontade”. Esta visão redutora ignora os fatores genéticos, psicológicos, sociais e desenvolvimentais que influenciam o peso corporal. Pior ainda, este preconceito traduz-se em insultos, discriminação e, em casos extremos, agressões físicas. Estudos mostram que a discriminação contra pessoas com obesidade é tão ou mais comum do que a baseada em género ou raça, afetando o acesso a oportunidades no trabalho, na educação e até nos cuidados de saúde.

Este estigma não é apenas injusto, é também prejudicial. A marginalização e o isolamento social aumentam o sofrimento emocional, o que, por sua vez, pode levar a um aumento da ingestão calórica como forma de lidar com o stress e a dor. Assim, o preconceito não só não resolve o problema, como também o agrava.

O mito da força de vontade

Outro mito comum é o de que emagrecer é uma questão de sacrifício e disciplina. A ideia de que “basta ter força de vontade” simplifica em demasia uma realidade muito mais complexa. Comer em excesso pode ser uma resposta a fatores emocionais, ambientais e biológicos que não são resolvidos com restrição alimentar. A cultura que nos rodeia, repleta de estímulos para o consumo de alimentos calóricos e processados, contribui para o desequilíbrio nos sistemas que regulam o apetite e o gasto calórico.

A teoria do “set point”

A teoria do “set point” ajuda a explicar porque é que o peso corporal tende a estabilizar num determinado ponto, mesmo com esforços para o reduzir. O cérebro, tal como regula a temperatura corporal, também regula o peso através de complexos mecanismos neuroquímicos. Quando fazemos dieta, o corpo interpreta essa restrição como uma ameaça à sobrevivência, levando a um aumento da fome e a uma redução do metabolismo. Como resultado, muitas pessoas acabam por recuperar o peso perdido, ou mesmo ganhar mais.

Não desanime; há ajuda e não im

Compreender a obesidade como uma problemática multifatorial é fundamental para mudar a forma como abordamos este desafio. Não se trata de culpar o indivíduo, mas de reconhecer a complexidade do problema e oferecer apoio adequado e livre de julgamentos.

É urgente uma mudança de paradigma: precisamos de combater o estigma e promover uma abordagem mais humana e compreensiva, que considere todas as dimensões da vida de uma pessoa. Porque o peso não define o valor de ninguém.

Tratamentos inovadores de última geração

Felizmente, existem caminhos para uma relação mais saudável com o corpo e a alimentação. As terapias cognitivo-comportamentais de terceira geração, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), Terapia Focada na Compaixão e Mindfulness focam-se em promover a flexibilidade psicológica, ajudando a lidar com emoções difíceis sem recorrer à comida como fuga. O mindful eating, ou alimentação consciente, convida-nos a prestar atenção às sensações físicas e emocionais associadas à alimentação, promovendo uma relação mais equilibrada e menos reativa com a comida. Estes métodos não se concentram apenas na perda de peso, mas sim em viver de forma alinhada com os valores pessoais, promovendo bem-estar físico e emocional. Porque é possível encontrar equilíbrio e saúde sem culpa ou vergonha.

Na Psicoflex, temos os melhores profissionais preparados para o(a) ajudar neste e noutros desafios.

Juntos, passo a passo, rumo à mudança…

Notícias Relacionadas

Preencha com os seus dados

Experiência profissional

A Maria João Varela é coordenadora clínica da Psicoflex. Tem ampla experiência profissional com múltiplas populações, em problemáticas tão diversas como em perturbações de sono, de humor, de ansiedade e stress, tais como Insónia, Depressão, Perturbação de Pânico, Ansiedade Social e de Desempenho, Stress, Trauma, Luto e adaptação à doença.

Ao longo do seu percurso profissional tem realizado intervenção em diversas valências, incluindo, no início do seu percurso profissional em contexto de Cuidados de Saúde Primários, posteriormente também em contexto de Unidade Socio-Ocupacional (USO) com utentes com perturbação mental grave (psicose, esquizofrenia, doença bipolar, perturbações de personalidade), com idosos em contexto de residência sénior e com crianças em contexto educativo. Paralelamente, tem realizado também intervenção clínica em prática privada, tem conduzido diversas intervenções em grupo em múltiplas problemáticas e tem ainda dinamizado cursos de formação em práticas meditativas Mindfulness, presencialmente e online.

Uma experiência clínica ampla e diversificada constitui uma mais-valia, permitindo:

  • um forte enriquecimento da compreensão clínica de cada caso
  • uma melhor capacidade de adaptação a diferentes necessidades e contextos da pessoa que procura acompanhamento psicológico
  • o desenvolvimento de uma visão abrangente do ser humano
  • o desenvolvimento de respostas diferenciadas e mais ajustadas às especificidades de cada caso, potenciando a eficácia clínica das intervenções levadas a cabo