As relações íntimas são como danças delicadas: ora estamos em perfeita sintonia, ora pisamos os pés um do outro. É natural que surjam conflitos, mas e se lhe disséssemos que a origem da sua frustração ou zanga não está necessariamente no que a outra pessoa fez? Saber que as nossas emoções não são “causadas” pelos outros,* mas sim criações do nosso próprio cérebro, em resposta ao que perceciona e interpreta, pode ser inicialmente perturbador, mas traz-nos um enorme poder.
A origem do conflito: um palco interno
Imagine que tem um palco dentro de si. O seu cérebro é o diretor, e o corpo e as experiências passadas são os atores principais. Quando o seu parceiro(a) se atrasa, por exemplo, o cérebro faz uma previsão baseada em memórias antigas, contextos e crenças: “Isto significa que não se importa comigo.” A emoção que sente — talvez zanga, tristeza ou rejeição — não é causada diretamente pelo atraso, mas pela “história” que o seu cérebro construiu naquele momento.
Isto não significa que a responsabilidade do outro desapareça, mas desafia-nos a olhar para dentro antes de reagir.
Como os relacionamentos beneficiam desta perspetiva
Quando percebemos que as emoções são criações nossas -embora sejam extremamente rápidas e, muitas vezes, se comecem a formar inconscientemente- ganhamos espaço para responder de forma mais flexível aos conflitos. Não reagimos automaticamente, mas refletimos:
O que este sentimento me diz sobre o que valorizo na relação?
Será que há outra “história” que eu possa criar neste momento?
A partir deste espaço, os mal-entendidos diminuem e o diálogo torna-se mais eficaz.
Exercício prático: quebrar o ciclo da reação automática
Da próxima vez que surgir um conflito, experimente o seguinte:
Pausa: Antes de reagir, respire fundo e note o que sente no corpo.
Tenha curiosidade: Pergunte a si mesmo(a): “Que “história” estou a contar sobre isto?”
Reconexão: Comunique o que sente de forma aberta e baseada nos seus valores. Em vez de dizer, “Nunca chegas a horas!”, experimente, “Senti-me desvalorizado(a) quando percebi que chegaste tarde, porque valorizo muito o tempo que passamos juntos.”
Uma nova dança na relação
Adotar esta perspetiva pode transformar os conflitos numa oportunidade de autoconhecimento e crescimento mútuo. Na Psicoflex, acreditamos que os relacionamentos íntimos são um dos maiores contextos de aprendizagem sobre nós mesmos. A cada passo, ajudamo-lo(a) a viver o presente, abraçar a experiência e construir conexões mais significativas.
- não se incluem aqui abusos físicos ou verbais de nenhuma espécie