Burnout: Quando o Fardo Vai Além do Individual

Já se sentiu exausto, incapaz de recuperar mesmo após descansar, ou completamente desmotivado com o trabalho? Se respondeu “sim”, pode estar a enfrentar algo mais do que simples cansaço: pode estar a viver um burnout.

Burnout é um estado de esgotamento físico e emocional que não é apenas uma questão individual, mas o resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. Vamos explorar como tudo isso se entrelaça.

Os Fatores Organizacionais e Sociais: O Contexto Importa De acordo com a investigadora Christina Maslach, uma das maiores peritas a nível mundial, o burnout é fundamentalmente uma questão organizacional. Problemas como excesso de carga de trabalho, falta de controlo, recompensas inadequadas, falta de justiça, valores em conflito e relações interpessoais tensas, no local de trabalho, são os principais preditores deste estado. A sociedade, por sua vez, exerce pressão através de normas como a glorificação da produtividade e a desvalorização do descanso, agravando ainda mais a situação e levando muitas pessoas a ir muito para além dos seus limites.

Os Fatores Psicológicos: A Perceção e a Resiliência

A forma como lidamos com essas pressões organizacionais e sociais é mediada por variáveis psicológicas. Pessoas com tendência para o perfeccionismo, com uma forte necessidade de aprovação externa ou dificuldades em estabelecer limites estão mais vulneráveis ao burnout. Além disso, a incapacidade de distinguir entre os próprios limites e as exigências externas pode levar a um estado constante de sobrecarga mental e emocional.

Os Fatores Biológicos: O Corpo Responde

O burnout também tem um impacto profundo no corpo. Quando o sistema de alostase — o mecanismo do cérebro que regula o equilíbrio interno e antecipa necessidades futuras — está constantemente sobrecarregado, pode surgir um desequilíbrio hormonal, como níveis elevados de cortisol. Isso pode levar a problemas de saúde a longo prazo, como doenças cardiovasculares, problemas de sono e imunidade enfraquecida.

O Caminho para o Equilíbrio

Lidar com o burnout exige uma abordagem integrada. A nível organizacional, é essencial criar ambientes de trabalho saudáveis, com carga horária equilibrada, reconhecimento do esforço e práticas de gestão que promovam a justiça, colaboração e a inclusão. No plano individual, é importante cultivar competências psicológicas como o estabelecimento de limites, a atenção plena e o autoconhecimento, além de cuidar do corpo com sono adequado, exercício físico e uma alimentação equilibrada.

Aqui ficam 3 dicas práticas para prevenir ou lidar com o stress no ambiente de trabalho:

Peça apoio à sua equipa: Não hesite em partilhar responsabilidades ou pedir ajuda a colegas quando sentir que as exigências estão a ultrapassar os seus limites. Trabalhar em equipa permite distribuir tarefas e encontrar soluções criativas para os desafios.

Defina limites claros: Aprenda a dizer “não” quando necessário e comunique os seus limites de forma assertiva. Por exemplo, estabeleça horários específicos para responder a e-mails ou tarefas que podem esperar.

Pratique pausas conscientes: Ao longo do dia, faça pequenas pausas para respirar profundamente, caminhar ou simplesmente afastar-se do ecrã ou de outros estímulos. Desligar-se do trabalho, por alguns momentos ajuda a recarregar energias e reduz o impacto do stress acumulado.

Na Psicoflex, acreditamos numa abordagem biopsicossocial para compreender e lidar com o burnout. A nossa missão é ajudá-lo a navegar pelos desafios das suas emoções e contexto, para que possa construir uma vida com significado e propósito.

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Experiência profissional

A Maria João Varela é coordenadora clínica da Psicoflex. Tem ampla experiência profissional com múltiplas populações, em problemáticas tão diversas como em perturbações de sono, de humor, de ansiedade e stress, tais como Insónia, Depressão, Perturbação de Pânico, Ansiedade Social e de Desempenho, Stress, Trauma, Luto e adaptação à doença.

Ao longo do seu percurso profissional tem realizado intervenção em diversas valências, incluindo, no início do seu percurso profissional em contexto de Cuidados de Saúde Primários, posteriormente também em contexto de Unidade Socio-Ocupacional (USO) com utentes com perturbação mental grave (psicose, esquizofrenia, doença bipolar, perturbações de personalidade), com idosos em contexto de residência sénior e com crianças em contexto educativo. Paralelamente, tem realizado também intervenção clínica em prática privada, tem conduzido diversas intervenções em grupo em múltiplas problemáticas e tem ainda dinamizado cursos de formação em práticas meditativas Mindfulness, presencialmente e online.

Uma experiência clínica ampla e diversificada constitui uma mais-valia, permitindo:

  • um forte enriquecimento da compreensão clínica de cada caso
  • uma melhor capacidade de adaptação a diferentes necessidades e contextos da pessoa que procura acompanhamento psicológico
  • o desenvolvimento de uma visão abrangente do ser humano
  • o desenvolvimento de respostas diferenciadas e mais ajustadas às especificidades de cada caso, potenciando a eficácia clínica das intervenções levadas a cabo